quarta-feira, 7 de junho de 2017

Sempre contra o capital...




Todos os dias acontecem coisa que nos mostram o quanto o capitalismo é um modo de organizar a vida que não deu certo. Fracassou. Não cumpriu com a promessa de uma boa vida para quem se esforça. Tudo isso é mentira. Quem mais se esforça é quem menos tem vida boa. Essa é a verdade nua e crua.

Hoje, no centro, vi mais uma dessas cenas que me fortalecem a certeza de que é preciso que chegue o comunismo.

Estava na saída de um desses centros de compras, onde tem várias lojas de variados produtos.  Então vi sair uma típica família classe alta. A mãe, bonita, de salto altíssimo, cheia de joias e as duas filhas, vestidas como princesas. As garotinhas traziam algumas sacolas nas mãos e falavam alto, excitadas, possivelmente por conta das coisas bonitas que estavam dentro das sacolas. No pé da escada rolante estava uma menina, agarrada a uma bolsa puída, com roupas bem surradas e chinelo de dedo com meia.

Impossível descrever aqui, com palavras, o olhar da guriazinha. Ela mirava as duas meninas que estavam com as sacolas. Era um olhar abissal. Não havia inveja, nem raiva, nenhum sentimento ruim. Era um olhar de profunda tristeza. Uma tristeza imensa, oceânica. Ela seguiu as garotas com aquele olhar, até que elas se perderam entre as gentes. Então, ela voltou seus olhos para os pés e ficou ali, parada, olhando pra baixo, pensando sabe lá o que.

Não sei o que motivou aquele olhar de um desespero impotente. Se a alegria das garotas com as compras, se a cena familiar, se a belezura das roupinhas. Não sei. Mas foi o olhar mais triste que eu vi. A menininha de chinelo com meia, em frente a loja chique.

Pensei que num mundo de riquezas repartidas não haverá espaço para isso. Não haverá quem tem mais, quem pode mais, quem consegue comprar e quem não. Não haverá abandono, nem medo, nem insegurança, nem desespero. Ah, quando eu vejo uma guria assim, de olhar tão triste, eu tenho ainda mais certeza de que o caminho é esse que escolhi. Lutar contra o capital e construir o mundo novo.   


Nenhum comentário: