segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Quando morre uma criança



Tamir Rice, 12 anos, foi assassinado pela polícia de Cleveland, Ohio, Estados Unidos, em novembro de 2014, quando brincava com uma arma de plástico num parquinho. Nesse último dezembro as autoridades do estado informaram que nenhum dos policiais seria julgado pelo crime. O líder negro Múmia Abú-Jamal escreveu esse texto quando soube do fato, agora em dezembro de 2015. Um texto que tanto serve para pensar esse assassinato, como o do menino indígena Vítor Pinto.




"Existe algo de devastador na morte – o assassinato – de uma criança.

Quando morre uma criança, a ordem natural se desagarra, as estrelas choram e a terra treme.

Estamos tão acostumados a este sistema que consideramos a morte de uma criança como algo natural, não como resultado do abuso humano.  Os políticos, que são pagos pelos chamados sindicatos de policiais, baixam a cabeça vendo as bolsas de prata e fazem que não enxergam que uma criança foi morta, especialmente se é uma criança negra.

Que instituição criada pelos homens é mais importante, mais valiosa, que uma criança?

Que trabalho?
Que profissão?
Que posição política?
Que estado?

Quando morre uma criança, os adultos não têm o direito de respirar o ar que está ao seu redor.

Quando uma criança morre, os vivos não devem descansar até que não tenha sido eliminado o veneno que se atreveu a causar danos a esse criatura.

Quando uma criança morre, o tempo tenta regressar e busca corrigir tal erro.

Isso é o que deve inspirar os movimentos mundiais, para lutar como jamais se lutou.  

Porque algo detestável se passou diante dos nossos próprios olhos.

Uma criança foi assassinada, e como é um menino negro, nos Estados Unidos da América, sua morte não significa nada".


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