quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Os trabalhadores das universidades e as “regras” da greve

Muitos companheiros de esquerda me têm feito críticas severas por conta dos escritos sobre o governo Lula e Dilma. Alguns, surpreendentemente, até me colocam no mesmo patamar dos membros do PIG (Partido da Mídia Golpista). Mas, tal como o grande repórter Marcos Faerman, diante de um general, durante a ditadura militar, eu digo: “Estes são os fatos, general”. A presidente Dilma usou uma medida de força para desmontar a greve dos trabalhadores das universidades federais: entrou na justiça pedindo a ilegalidade do movimento. Diz a ação ajuizada no Superior Tribunal de Justiça que os trabalhadores não esgotaram a negociação e começaram a greve de forma abusiva. Vamos aos detalhes:

O governo ofereceu aos trabalhadores uma lei de cargos durante a greve de 2003, quando os trabalhadores lutavam contra o projeto de Previdência. A lei foi aprovada, mas já se sabia que ele traria muitos problemas para os trabalhadores. Por conta destes problemas foram realizadas duas greves, a de 2005 e 2007, ambas para tentar solucionar as questões pendentes da lei, tais como um vencimento complementar, problemas de enquadramento, aposentados prejudicados, extinção de cargos, falta de racionalização nas funções, etc...

A greve de 2007 acabou com um acordo fechado sobre esses temas. Praticamente nada do acordado foi cumprido. Nesse meio tempo a Federação dos Sindicatos, a Fasubra, esteve envolvida em grupos de trabalho com o governo e reuniões intermináveis. Era a implantação da lógica da “negociação permanente”. É disso que a presidente fala. Negociação permanente. Ela diz que a greve é ilegal porque os trabalhadores não querem ficar na negociação permanente. Ora, negociação pressupõe que as partes conversem e cada uma ceda em alguma coisa para se chegar a um ponto comum. Se formos analisar as reuniões com o governo que acontecem desde 2007 elas não são de negociação. O governo diz não e ponto.

Pois a Justiça recebeu a ação e em questão de dias já deu uma liminar. Não julgou o mérito, se a greve é ilegal ou não, mas já arbitrou uma punição aos grevistas. Outro problema. A justiça definiu que os setores devem funcionar com 50% dos trabalhadores. Mas, ao mesmo tempo não arbitrou nada para o governo. Ou seja, a decisão é de punição. A quem? Aos trabalhadores!

Outra questão que precisa ser analisada pelos trabalhadores é a seguinte: desde quando um movimento grevista tem de se submeter à ordem jurídica? Pelo que podemos observar da história das lutas dos trabalhadores, a batalha do trabalho contra o capital sempre se deu no campo da vida mesma, da luta real e concreta. Os trabalhadores explorados e violentados nos seus direitos se rebelam. Assim, a greve é um momento de exceção, de subversão da ordem. Como pode então a luta se submeter a regras ditadas pelo Estado ou pela Justiça. Isso me parece incognoscível (de difícil compreensão).

Não foi sem razão que sempre critiquei a alegria com que parte das lideranças sindicais brasileiras saudaram a legalização das Centrais sindicais. Na época eu dizia: como os trabalhadores podem se submeter a regras fixadas pelo Estado sobre como se organizar, sobre como entrar em greve, percentuais de presença nas assembléias, etc... Ora, a organização dos trabalhadores é da competência dos trabalhadores. Ela deve ser livre de qualquer força estatal ou patronal. Portanto, no meu ponto de vista, jamais um sindicalista de verdade, calejado na luta real, poderia aceitar e saudar essa institucionalização da vida sindical no aparelho do Estado.

Da mesma forma penso em relação à Justiça. Ela não poderia arbitrar sobre regras para que uma luta se faça. Isso quem decide são os trabalhadores. Eles assumem os riscos de subverterem a ordem existente e fazem o que precisa ser feito numa queda de braço contra os patrões. Historicamente tem sido assim, os oprimidos e explorados, quando não agüentam mais a opressão, levantam-se em luta, em greve, em rebelião. E o braço forte do Estado (ou patronal) usa os seus recursos para destruir, esfacelar, reprimir. Conforme a força dos trabalhadores há momentos em que eles vencem. Outras vezes são derrotados. Mas são os trabalhadores que se juntam e discutem as suas formas de luta.

A Justiça, no mundo liberal burguês, representa a classe dominante. É quase que absolutamente certo que são os interesses dos proprietários, dos poderosos, dos governantes, os que prevalecem. Raros são os momentos em que a Justiça beneficia os de baixo. Até porque as leis são definidas no legislativo nacional que, via de regra, tem a hegemonia dos poderosos. É uma conta simples. De fácil compreensão.

Agora, depois de anos em mesas de “negociação”, os trabalhadores disseram: basta! E se rebelaram. Querem que o governo apresente uma proposta concreta para os problemas. E o que faz o governo? Nega-se a conversar, coloca os trabalhadores na Justiça e ainda apresenta um projeto de congelamento salarial por 10 anos. Quem, em sã consciência, pode aceitar isso? Praticamente o governo não deu saída aos trabalhadores.

Agora vem a Justiça e manda os trabalhadores voltarem ao trabalho em 50%. Isso significa que, se acatada essa punição, cada setor teria de voltar ao trabalho. Precariamente. Em que isso ajuda a resolver o problema? Em nada. O restaurante Universitário com 50% não pode produzir as refeições e, os demais setores, funcionando pela metade, que tipo de trabalho produzirão? É uma decisão inútil. Não resolve a questão dos trabalhadores e nem dos usuários que se sentem prejudicados.

Nesse sentido, a greve continua. Porque nem se os trabalhadores decidirem cumprir a indicação da Justiça os problemas se resolvem.

Na minha modesta opinião é mais do que hora do movimento sindical parar para pensar o caminho que anda trilhando. Na medida em que os trabalhadores e suas entidades organizativas vão acatando uma institucionalização por dentro do Estado – aceitando regras e leis vindas de fora da classe - estão fazendo uma aposta alta demais. E o que está em jogo não é qualquer coisa prosaica como o cargo de presidente ou secretário, é a vida real de cada trabalhador e trabalhadora, seu hoje e seu amanhã. As lideranças têm, portanto, um papel decisivo nesse momento. Muito já foi concedido, muitos aplausos já ecoaram durante as propostas de regulamentação da luta dos trabalhadores feitas por que não o é.

No caso das universidades, seria preciso ter lideranças capacitadas a compreender que é chegada a hora de virar esse quadro. Que os trabalhadores precisam retomar concretamente a condução de suas lutas. Mas isso tampouco é coisa que se faz num passe de mágica. É preciso trabalho, estudo, militância, espírito revolucionário, consciência de classe.

É tempo de plantar a terra. É tempo de plantar. Novas sementes, novas sementes. Há um novo tempo exigindo novas respostas. E isso precisa vir... Sinto que é tempo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Viajando ...

Há coisas que não se explicam mesmo. Outro dia remexendo nos baús do passado encontrei um disco que fez minha cabeça quando eu tinha apenas 13 anos. Apaixonada por aventuras científicas eu sempre fui, mas não sei como pude encontrar esse precursor do rock progressivo na pequena São Borja, fronteira com a Argentina. O que sei é que esse disco – uma ópera rock - do Rick Wakeman, “Viagem ao Centro da Terra”, era escutado até a exaustão. Pelas mãos mágicas do músico inglês eu viajava não só para as entranhas do planeta, mas também para o espaço sideral. Hoje, vendo-o, meu coração se enche de ternura. Quantas pequeninas coisas vão fazendo da gente a pessoa que somos. Julio Verne, teclados, mitos, música...E essa vontade inesgotável de explorar o desconhecido, “audaciosamente indo onde ninguém mais esteve”...



Waldick e sua condição de homem da direita


Esse final de semana postei no meu blog um vídeo da música “Tortura de amor”, do Waldick Soriano, a qual considero de rara beleza. Imediatamente recebi um comentário que criticava o fato de eu, uma pessoa de esquerda, postar a obra de um reacionário de direita como era Waldick, publicamente um defensor do regime militar. Fiquei a matutar, porque as críticas sempre têm esse efeito em mim. Ponho-me a pensar sistematicamente sobre o tema, para ver se estou de fato errada. Lembrei-me de uma discussão que tive certa feita com um amigo sobre a obra de Balzac, um monstro sagrado da literatura mundial. Ele, Balzac, tudo o que queria era ser um aristocrata e, acabou revelando na sua obra, toda a podridão dessa classe assim como da burguesia nascente. Paradoxos... Hoje, ao lermos Balzac fica difícil crer que ele quisesse ser aquilo que expõe tão cruamente, mas essa é a verdade. Honoré era um monarquista, conservador e totalmente contrário aos ideais democráticos. Ainda assim era o preferido de Engels, pois, afinal, suas descrições da vida francesa são de tirar o fôlego.

Claro que não estou comparando Waldick com Balzac, apenas levanto alguns pontos de reflexão sobre o quanto uma obra pode fugir do autor, justamente pelas contradições que são inerentes ao humano.

Li há bem pouco tempo um texto de autoria de Cláudio Antunes Boucinha, no qual ele faz uma análise sobre Wilson Simonal, justamente discutindo a alcunha de “artista da direita” que foi colada ao fabuloso intérprete da música nacional que, sim, cometeu erros. Cláudio mostra o quanto a condição de “homem de direita” de Simonal pode ser matizada pelo fato de ele ter sido um jovem pobre, portanto passível de se deixar envolver pelos encantos da fama e do dinheiro fácil. Vale a pena ler o artigo, bastante profundo e com muito material histórico,no enlace:
O texto do Cláudio me remeteu à crítica feita no blog sobre o Waldick. O “reacionário” nasceu no interior da Bahia, foi abandonado pela mãe e jogado no mundo de deus, trabalhando de manhã para comer à noite. Foi para São Paulo, ralou tudo o que tinha direito e só fez sucesso depois dos 50 anos, ainda etiquetado como brega. Por várias vezes contestou os seus críticos que o acusavam de parceiro do regime, como está relatado no livro do historiador Paulo César de Araújo, “Eu não sou cachorro, não”. Ali, Waldick lembra que chegou a ser censurado ele mesmo por sua música “tortura de amor”, essa mesma que postei. É que a ditadura não aceitava a palavra tortura nem num bolero.

Enfim, Waldick era um homem renegado, abandonado, execrado, que venceu na cidade grande. Com sua cara de cafajeste, seus óculos escuros e suas canções que passavam da mais pura poesia ao brega escrachado, ele marcou a música brasileira. O homem Waldick, suas posições de direita ou sua pretensa adesão ao regime agora fazem parte da história.

Não se trata de relativizar e “perdoar” toda e qualquer criatura que tenha enveredado pelo caminho da direita, seja por escolha consciente ou por circunstância da vida. Mas quando se trata de discutir a arte e as contradições humanas, talvez seja necessário um pouco de generosidade. Claudio Boucinha lembra em seu texto uma citação de Marx sobre o lumpesinato: «A proleta miserável, o lúmpen proletariado, essa podridão passiva dos estratos inferiores da sociedade, é aqui e além, arrastada para a ação por uma revolução proletária, e pela sua situação estará mais disposta a deixar-se enredar em manobras reacionárias». E aponta: “Na atualidade, alguns “marxistas” defendem a “necessidade da eliminação do lúmpen proletariado reacionário”. Isto confirma a total falta de autocrítica de alguns pensadores, no Brasil. Vá lá que Marx tivesse má vontade com os supostos inclassificáveis ou desclassificados de sua época, o que demonstrava certa debilidade de seus escritos; agora, outra coisa é, depois de décadas, alguém pensar que a solução para um mendigo é a eliminação pura e simples, só pode explodir qualquer ética”.

Não sei se é essa minha vertente cristã, mas como bem mostra Ariano Suassuna, no imortal “Auto da Compadecida”, eu tenho cá comigo que todos os seres nascem bons, e é a vida que os vai enfraquecendo ou empurrando para lá e para cá. Alguns são fortes e resistem, outros sucumbem. Mas, no final, todos acabam salvos. Resumindo, as canções de Waldick são soberbas. Tenha sido ele de direita ou não. Se com sua “direitice” o cantor baiano prejudicou alguém, que seja lembrado por isso. Mas, ao mesmo tempo não podemos esquecer a beleza que também conseguiu produzir. Isso só mostra o quanto somos humanos, demasiado humanos, cheios de contradição.

Os estudantes em luta no Chile

Declarações de Fidel Castro

A atenção a outros assuntos agora prioritários me afastaram de momento da freqüência com que elaborei reflexões durante o ano 2010, contudo, a proclama do líder revolucionário Hugo Chávez Frias na passada quinta-feira 30 me obriga a escrever estas linhas.

O presidente da Venezuela é um dos homens que mais tem feito pela saúde e a educação do seu povo; como são temas nos quais a Revolução cubana tem acumulado mais experiência, gostosamente colaboramos ao máximo em ambos os campos com esse país irmão.

Não se trata em absoluto de que esse país carecesse de médicos, antes pelo contrário, possuía-os em abundância e inclusive entre eles profissionais de qualidade, como em outros países da América Latina. Trata-se duma questão social. Os melhores médicos e os equipamentos mais sofisticados poderiam estar, como em todos os países capitalistas, ao serviço da medicina privada. Às vezes nem sequer isso, porque no capitalismo subdesenvolvido, como o que existia na Venezuela, a classe rica contava com meios suficientes para recorrer aos melhores hospitais dos Estados Unidos ou da Europa, algo que era e é habitual sem que ninguém possa negá-lo.

Pior ainda, os Estados Unidos e a Europa têm-se caraterizado por seduzir os melhores especialistas de qualquer país explorado do Terceiro Mundo para que abandonem sua pátria e emigrem às sociedades de consumo. Formar médicos para esse mundo nos países desenvolvidos implica fabulosas quantidades que milhões de famílias pobres da América Latina e do Caribe que não poderiam pagar nunca. Em Cuba acontecia isso até que a Revolução aceitou o desafio, não só de formar médicos capazes de servir o nosso país, mas a outros povos da América Latina, do Caribe ou do mundo.

Jamais temos arrebatado as inteligências a outros povos. Em câmbio em Cuba formaram-se gratuitamente dezenas de milhares de médicos e outros profissionais de alto nível para devolvê-los a seus próprios países.

Graças a suas profundas revoluções bolivarianas e martianas, a Venezuela e Cuba são países onde a saúde e a educação se têm desenvolvido extraordinariamente. Todos os cidadãos têm direito real a receber gratuitamente educação geral e formação profissional, algo que os Estados Unidos não têm podido nem poderão garantir a todos seus habitantes. O real é que o governo desse país investe cada ano um milhão de milhões de dólares no seu aparelho militar e nas suas aventuras bélicas. Além disso, é o maior exportador de armas e instrumentos de morte e o maior mercado de drogas do mundo. Devido a esse tráfico, dezenas de milhares de latino-americanos perdem a vida cada ano.
É algo tão real e tão conhecido, que há mais de 50 anos, um Presidente de origem militar denunciou, com tom amargo, o poder decisivo acumulado pelo complexo militar industrial nesse país.
Estas palavras estariam demais se não mediasse a odiosa e nojenta campanha desatada pela mídia da oligarquia venezuelana, ao serviço desse império, utilizando as dificuldades de saúde que atravessa o Presidente bolivariano. A ele nos une uma estreita e indestrutível amizade, surgida desde que visitou por primeira vez nossa pátria, a 13 de dezembro de 1994.

A alguns lhes resultou rara a coincidência de sua visita a Cuba com a necessidade de atendimento médico que aconteceu. O Presidente venezuelano visitou nosso país com o mesmo objetivo que o levou ao Brasil e ao Equador. Não trazia intenção alguma de receber serviços médicos em nossa pátria.

Como se sabe um grupo de especialistas cubanos da saúde prestam, há anos, seus serviços ao Presidente venezuelano, que fiel a seus princípios bolivarianos, jamais viu neles estrangeiros indesejáveis, senão filhos da grande Pátria Latino-americana pela qual lutou o Libertador até o último alento de sua vida.

O primeiro contingente de médicos cubanos partiu rumo à Venezuela quando aconteceu a tragédia no estado de Vargas, que custou milhares de vidas a esse nobre povo. Esta ação de solidariedade não era nova, constituía uma tradição enraizada em nossa pátria desde os primeiros anos da Revolução; desde que há quase meio século médicos cubanos foram enviados à recém-independente Argélia. Essa tradição se aprofundou na medida em que a Revolução cubana, no meio de um cruel bloqueio, formava médicos internacionalistas. Países como o Peru, a Nicarágua de Somoza e outros do hemisfério e do Terceiro Mundo, sofreram tragédias por terremotos ou outras causas que precisaram da solidariedade de Cuba. Assim nossa pátria se tornou na nação do mundo com mais alto indicador de médicos e pessoal especializado em saúde, com elevados níveis de experiência e capacidade profissional.

O Presidente Chávez se esmerou na atenção de nosso pessoal de saúde. Assim nasceu e se desenvolveu o vínculo de confiança e de amizade entre ele e os médicos cubanos que sempre foram muito sensíveis ao trato do líder venezuelano, o qual por sua parte, foi capaz de criar milhares de estabelecimentos de saúde e dotá-los dos equipamentos necessários para prestar serviços gratuitos a todos os venezuelanos. Nenhum governo do mundo fez tanto, em tão breve tempo, pela saúde de seu povo.

Uma elevada percentagem de pessoal cubano da saúde prestou serviços na Venezuela e muitos deles atuaram também como docentes em determinadas matérias ministradas para a formação de mais de 20 mil jovens venezuelanos que começam a se formar como médicos. Muitos deles começaram seus estudos em nosso próprio país. Os médicos internacionalistas integrantes do Batalhão 51, graduados na Escola Latino-americana de Medicina, têm ganho um sólido prestígio no cumprimento de complexas e difíceis missões. Sobre essas bases se desenvolveram minhas relações nesse campo com o presidente Hugo Chávez.
Devo acrescentar que ao longo de mais de doze anos, desde 2 de fevereiro do ano 1999, o Presidente e líder da Revolução venezuelana não tem descansado um só dia, e nisso ocupa um lugar único na história deste hemisfério. Todas suas energias as tem consagrado à Revolução.

Poderia se afirmar que por cada hora extra que Chávez dedica a seu trabalho, um Presidente dos Estados Unidos, descansa dois. Era difícil, quase impossível, que sua saúde não sofresse algum quebranto e isso aconteceu nos últimos meses.
Pessoa habituada aos rigores da vida militar, suportava estoicamente as dores e moléstias que com freqüência crescente o afetavam. Dadas as relações de amizade desenvolvidas e os intercâmbios constantes entre Cuba e a Venezuela, junto da minha experiência pessoal com relação à saúde, que vivi desde a proclama de 30 de julho do ano 2006, não é raro que me apercebesse da necessidade de um check-up rigoroso da saúde do Presidente. É generoso demais, da sua parte, atribuir-me algum mérito especial neste assunto.

Admito, é claro, que não foi fácil a tarefa que me impus. Não era para mim difícil precatar-me de que sua saúde não andava bem. Tinham decorrido 7 meses desde que se realizou sua última visita a Cuba. A equipe médica dedicada ao atendimento de sua saúde me tinha rogado que fizesse essa gestão. Desde o primeiro momento a atitude do Presidente era informar o povo, com absoluta clareza, a respeito de seu estado de saúde. Por isso, estando a ponto já de regressar, através de seu Ministro de Relações Exteriores, informou ao povo sobre sua saúde até esse instante e prometeu mantê-lo detalhadamente informado.
Cada cura ia acompanhada por rigorosas análises celulares e de laboratório, que em tais circunstâncias se realizam.

Um dos testes, vários dias posteriores à primeira intervenção, deu resultados que determinaram uma medida cirúrgica mais radical e o tratamento especial do paciente.
Em sua digna mensagem de 30 de junho, o Presidente notavelmente recuperado fala de seu estado de saúde com toda clareza. Admito que para mim não foi fácil a tarefa de informar ao amigo da nova situação. Consegui constatar a dignidade com que recebeu a notícia que –para ele com tantas tarefas importantes que levava na mente, entre elas o comício comemorativo do Bicentenário e a formalização do acordo sobre a unidade da América Latina e do Caribe– muito mais do que os sofrimentos físicos que implicava uma cirurgia radical, significa uma prova que como ele expressou a fez comparar com os momentos duros que lhe coube enfrentar em sua vida de combatente irredutível.

Junto dele, a equipe de pessoas que o atendem e que ele qualificou de sublimes, têm levado a cabo a magnífica batalha da qual tenho sido testemunha.
Sem hesitação afirmo que os resultados são impressionantes e que o paciente tem vencido uma batalha decisiva que o conduzirá e com ele a Venezuela, a uma grande vitória.
É preciso fazer com que seu alegado seja comunicado ao pé da letra em todas as línguas, mas sobretudo que seja traduzido e legendado ao inglês, um idioma que possa ser entendido, nesta Torre de Babel em que o imperialismo tem convertido o mundo.

Agora os inimigos externos e internos de Hugo Chávez estão à mercê de suas palavras e suas iniciativas. Haverá sem dúvida surpresas para eles. Ofereçamos-lhe o mais firme apoio e confiança. As mentiras do império e a traição dos vendilhões de pátrias serão derrotadas. Hoje há milhões de venezuelanos combativos e conscientes, que a oligarquia e o império não poderão jamais voltar a submeter.