segunda-feira, 3 de maio de 2010

O sistema nos tira tudo


Acompanhei estupefata a cobertura dos jornais de televisão sobre o dia primeiro de maio. Raríssimos jornalistas usaram a expressão “dia do trabalhador”. Para todo mundo, o histórico primeiro de maio, data que celebra a luta dos trabalhadores, decidida na Internacional Socialista em 20 de junho de 1889, em Paris, virou “Dia do Trabalho”.

Você aí que está lendo esse texto pode perguntar. Mas e daí? O que muda? E eu digo, muda tudo! O dia do trabalhador é uma invenção dos trabalhadores, coisa criada em meio às lembranças recentes dos conflitos em Chicago, em 1886, quando milhares de trabalhadores saíram às ruas lutando por 8 horas de jornada. Foi por desejo dos trabalhadores que esta data passou a ser um dia de referência de lutas, de combates, de batalhas por vida digna e contra o capitalismo predador, que destrói o homem e a natureza.

Pois o sistema capitalista, de um jeito ladino, foi realizando a transformação. De dia do trabalhador passou a ser dia do trabalho. E o que é o trabalho? O que suscita? Nada de lutas, nada de combates contra o capital, nada de conflitos de classe. Nada. É só um ato criador. O dia do trabalhador transformado em dia do trabalho esteriliza a gênese desta idéia que era de luta contra a opressão dos patrões. Dia do Trabalho é uma composição de classe, onde patrão e trabalhador se irmanam, afinal, os dois “trabalham”.

Mas, na verdade, na relação capital x trabalho, é o trabalhador o explorado, o que garante mais-valia ao patrão, o que garante o lucro, no mais das vezes exacerbado. E esta relação não é pacífica, é conflituosa, agônica.

Por isso causa profunda revolta ver os jornalistas, que deveriam ser os que informam com clareza os fatos, reproduzindo estas mentiras, estas armadilhas forjadas pelo sistema que oprime e destrói. Esse povo deveria estudar mais.

Reivindico a volta do dia do trabalhador, dia de luta, de combate. Dia de lembrar os tantos homens e mulheres que tombaram na batalha por uma vida plena. Dia de celebrar a capacidade de luta de todos aqueles que ainda estão amarrados a roda da mó do capital. Dia primeiro de maio é dia do trabalhador, esse ser que, prisioneiro de um sistema em que para que um viva o outro tenha de morrer, resiste e insiste na transformação. Ainda há trabalhadores em luta por aqui, sim senhor!

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