sábado, 14 de março de 2009

Alguém que saiba fazer sabão!

Houve um tempo, há muito tempo, em que se podia falar, no Brasil, de uma pobreza digna. Não se tinha muito conforto, nem eletrodomésticos, nem celular.Os móveis eram velhos, mas a comida farta. A mesa, simples, sempre tinha umbom café, um almoço de encher o bucho e até frutas, visto que boa parte das casas tinha um pátio onde vicejava uma ou outra daquelas delícias da infância. Talvez tenha sido daí que surgiu aquele preconceituoso dito popular tão usado até hoje. “Sou pobre, mas sou limpinho”.
Pois eu, que não sou dada a visitas a supermercado, me vi diante até dessa possibilidade. De, em sendo pobre, não poder mais nem ser limpinha. É que, numa das minhas incursões esporádicas, trazia na lista de compras o tal do sabão em pó. Diante da prateleira, pasmei. Fiquei sem voz. Não podia ser possível! Procurei entre as várias marcas e nada. A mais barata custava 6,50 reais.
Chamei o garoto-trabalhador e perguntei se não havia um engano. A marca mais famosa passava dos sete reais. “Não, é isso mesmo”, respondeu o menino, me olhando como se eu tivesse caído de Marte naquela manhã. Fui ao bom e velho sabão de côco, afinal, minha vó já usava. Não podia pagar sete reais por uma caixa de sabão em pó que nem um quilo tem.
Na prateleira do sabão em barra, outro pasmo. O sabão de côco é artigo de luxo. Uma barra custa quase quatro reais. E aí? O que fazer? Como lavar a minha roupa sem ficar com aquela cara de otária, de quem está sendo dilapidada do pouco que consegue ganhar vendendo a força de trabalho num mundo capitalista selvagem?
Uma barra de sabão não seria suficiente para lavar minhas roupinhas, isso ainda considerando meu metro e meio. E comprar várias barras, daria elas por elas. Bom, só me restava procurar alguém nessa cidade que soubesse como fazer sabão de cinza, como nos tempos de antes da minha vó. Tô procurando. Ainda não achei. Esse artigo é um apelo. Quem souber, por favor, me ligue, me mande um correio, me ajude. Alguma coisa precisa ser feita para que eu siga...Desgraçada sim, sem esperanças, perdida de minha humanidade, mas, pelo menos, limpinha....Quem sabe, um dia, a gente, juntos, possa vencer esse sistema tão medonho!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

As "Guardiãs" de Bombinhas sabem!